Pois é. Ultimamente, todos os dias um clube vem reclamar que está a ser prejudicado pelos árbitros.
Bla bla bla.. somos uns perseguidos... ai ai ai ai... isto é tudo uma aldrabice.
E os árbitros nao se podem defender?
Isso é que era... mostrar a casa, o sofá, a televisão, os móveis... e falar tranquilamente.
Pois é, mas se isso acontecesse não estaríamos a modernizar nem a inovar.
Já em 1994 acontecia!
Senao, vejam o vídeo abaixo. Em grande estilo, Donato e o seu bigode fazem frente à sua sala, a sua tv , e mesmo à camisa de Tavares.. tudo muito bem coordenado.
E o Sousa Martins a entrevistar jogadores no túnel à saída do jogo? Hoje em dia é impensável. É tudo organizado e delimitado.
Já nao ha reportagens como antigamente!!
fiquem pois com este pérola.. isto sim sao reportagens.
P.S. O jornalista da TVI desapareceu do mapa.. se calhar é mesmo porque nao tinha grande jeito
segunda-feira, março 26, 2012
sábado, março 17, 2012
Straight Outta Picheleira
"Neno! Como te sentes?
Um bocado atrofiado!
Porquê?
Fui posto de lado!
E agora? Que é que vais fazer?
Talvez...
Talvez...
Yoooooooooooooo!"
Esta é a história de um cantor romântico e suas desventuras na grande área de luva calçada.
Um homem atrofiado, que foi posto de lado...e não estava habituado.
Porém, um líder nunca cai só.
Um líder cultiva seguidores, deixa admiradores para trás. E uma vez no chão, são muitas as mãos que se levantam em seu auxílio.
Com Rei D. Neno caído, cinco valorosos escudeiros oferecem a argúcia de suas lâminas e candura de suas almas:
D. Dimas I, Mohammed Al Faisal, Príncipe Oceano o Magnânime, Infante D. Hélder Cristóvão e Luís Figo, Arquiduque de Pastilhas.
E impecáveis, todos eles.
Unidos, prestam a devida homenagem ao seu mentor da forma mais digna e valorosa possível - através de uma canção.
Quais Boyz II Men da Picheleira, os 5 magníficos vestem a farda sensual do R&B dos anos 90 com a mesma galhardia que lhes era reconhecida no relvado:
Algumas impressões:
0:00 - Ei, olha um plano de uma árvore. Que saudades da TV Rural e do Eng. Sousa Veloso!
0:01 - ui, mas quem é que sai por trás da árvore? É um bosquímano disfarçado de manager-de-boy-band/empresário-de-jogador-de-futebol-de-divisões-secundárias-com-aspecto-ligeiramente-seboso-e-duvidoso-que-pode-ou-não-dar-ordens-a-um-grupo-de-jagunços-para-te-partirem-a-rótula-caso-não-lhe-pagues-o-que-deves?? Ah não, é o Faisal.
0:02 - ... e está cheio de energia.
0:03 - se repararem entre os 0:03 e os 0:06, o Faisal está a checkar os atributos da árvore de forma sensual. Tree Fetish anyone?
0:03 - É o Seal, é o Seal! Afinal esta música tem potencial para tornar-se num caso sério!
0:04 - ...ah não, é o Oceano "Não Sou Cruz Porque Ainda Não Sou Treinador Senão Já Teria Direito a Ser Cruz", exibindo com charme o seu combiné faux-formal directamente do armário do tal Seal, completo com jaqueta cor-de-diarreia. É pena. O Seal é mais fixe (e não vou entrar em comparações Marina Mota/ Heidi Klum).
0:05 - ...e também vem cheio de energia! Mas...ops...fugiu logo numa pirueta à R. Kelly. Woooo!!
0:06 - ah, foi para dar lugar ao Hélder e ao nariz do Dimas. Ao ver este vídeo finalmente percebo porque raio a Geração de Ouro nunca ganhou puto.
0:07 - Olha! Figo! Cá está ele driblando o estilo com seu imaculado ensemble de festa em trânsito para o T-Club, onde irá dançar largas horas ao som de Lisa Stansfield enquanto meneia a anca em movimento pendular e estala os dedos consoante o ritmo. Espectacular.
0:08 - agora tiraram todos os óculos em simultâneo. Isto não faz sentido. Esta cena só acontece em filmes de acção e videoclips foleiros. Ah, esquece....
0:08 - porque será que o Dimas está constantemente a olhar para o lado? Parece-me inseguro.
0:09 - ah! Faisal a assumir a liderança! É de mim ou o Dimas e o Figo parecem deslocados no meio disto tudo? Just sayin', y'all...
0:09 - por falar em "Dimas" e "deslocado", lembram-se do braço dele no SL Benfica 0 - FC Porto 5? Isso sim, foram 30 seg de televisão de qualidade. Ou se fores adepto do FCP, hora e meia.
0:10 - Faisal, não tapes o Hélder! Deixa-o brilhar. Que mania de dar nas vistas.
0:10 - e por falar em brilhar, o cabelo do Figo não fica nada a dever ao do Pedro Proença, ou mesmo ao Sol.
0:11 - Esta é a Boys Band mais descoordenada desde que o Michael J Fox fez um dueto com o Muhammad Ali.
0:12 - Oi? Será que o Dominguez também participou no vídeo? Porque será que está tudo a olhar para o chão?
0:12 - ...menos o Dimas, que agora está a espreitar na direcção da câmara. Pelos vistos não compreende o conceito de televisão, tal como não compreende o de estética, conclusão tirada pelo facto de provavelmente ter vestido um blazer da Fabio Lucci por cima do pijama.
0:13 - E agora o Oceano está a olhar para o Dimas, o Dimas está a olhar para o Figo, o Figo está a olhar para o Hélder, o Hélder está a olhar para o chão, o chão está a olhar para o Faisal e o Faisal está a olhar para o Figo...*suspiro*
0:13 - Este beat no background faz-me lembrar Kussondulola. "Quiribi, quiribi macaco! Macaco que é boá,que é boá! Filho do Homem negativo!"
0:14 - Concentra-te, Dimas! Eu vi esse sorrisinho dengoso para a assistente de realização. Bem boa que deve ser.
0:15 - não consigo deixar de pensar que isto seria mais divertido com o Paulo Madeira de permeio.
0:15 - Group hug!!
0:16 - há algo realmente incomodativo em ver 5 homens abraçados no meio de uma floresta.
0:17 - dispersar!!
0:18 - Dimas, eu disse "dispersar", e não "empurrar".
E o Neno? Continua atrofiado, porque foi posto de lado. E o que é que ele vai fazer?
Talvez ficar com o maxilar preso numa rede.
Yooooooooooooooo.
Um bocado atrofiado!
Porquê?
Fui posto de lado!
E agora? Que é que vais fazer?
Talvez...
Talvez...
Yoooooooooooooo!"
Esta é a história de um cantor romântico e suas desventuras na grande área de luva calçada.
Um homem atrofiado, que foi posto de lado...e não estava habituado.
Porém, um líder nunca cai só.
Um líder cultiva seguidores, deixa admiradores para trás. E uma vez no chão, são muitas as mãos que se levantam em seu auxílio.
Com Rei D. Neno caído, cinco valorosos escudeiros oferecem a argúcia de suas lâminas e candura de suas almas:
D. Dimas I, Mohammed Al Faisal, Príncipe Oceano o Magnânime, Infante D. Hélder Cristóvão e Luís Figo, Arquiduque de Pastilhas.
E impecáveis, todos eles.
Unidos, prestam a devida homenagem ao seu mentor da forma mais digna e valorosa possível - através de uma canção.
Quais Boyz II Men da Picheleira, os 5 magníficos vestem a farda sensual do R&B dos anos 90 com a mesma galhardia que lhes era reconhecida no relvado:
Algumas impressões:
0:00 - Ei, olha um plano de uma árvore. Que saudades da TV Rural e do Eng. Sousa Veloso!
0:01 - ui, mas quem é que sai por trás da árvore? É um bosquímano disfarçado de manager-de-boy-band/empresário-de-jogador-de-futebol-de-divisões-secundárias-com-aspecto-ligeiramente-seboso-e-duvidoso-que-pode-ou-não-dar-ordens-a-um-grupo-de-jagunços-para-te-partirem-a-rótula-caso-não-lhe-pagues-o-que-deves?? Ah não, é o Faisal.
0:02 - ... e está cheio de energia.
0:03 - se repararem entre os 0:03 e os 0:06, o Faisal está a checkar os atributos da árvore de forma sensual. Tree Fetish anyone?
0:03 - É o Seal, é o Seal! Afinal esta música tem potencial para tornar-se num caso sério!
0:04 - ...ah não, é o Oceano "Não Sou Cruz Porque Ainda Não Sou Treinador Senão Já Teria Direito a Ser Cruz", exibindo com charme o seu combiné faux-formal directamente do armário do tal Seal, completo com jaqueta cor-de-diarreia. É pena. O Seal é mais fixe (e não vou entrar em comparações Marina Mota/ Heidi Klum).
0:05 - ...e também vem cheio de energia! Mas...ops...fugiu logo numa pirueta à R. Kelly. Woooo!!
0:06 - ah, foi para dar lugar ao Hélder e ao nariz do Dimas. Ao ver este vídeo finalmente percebo porque raio a Geração de Ouro nunca ganhou puto.
0:07 - Olha! Figo! Cá está ele driblando o estilo com seu imaculado ensemble de festa em trânsito para o T-Club, onde irá dançar largas horas ao som de Lisa Stansfield enquanto meneia a anca em movimento pendular e estala os dedos consoante o ritmo. Espectacular.
0:08 - agora tiraram todos os óculos em simultâneo. Isto não faz sentido. Esta cena só acontece em filmes de acção e videoclips foleiros. Ah, esquece....
0:08 - porque será que o Dimas está constantemente a olhar para o lado? Parece-me inseguro.
0:09 - ah! Faisal a assumir a liderança! É de mim ou o Dimas e o Figo parecem deslocados no meio disto tudo? Just sayin', y'all...
0:09 - por falar em "Dimas" e "deslocado", lembram-se do braço dele no SL Benfica 0 - FC Porto 5? Isso sim, foram 30 seg de televisão de qualidade. Ou se fores adepto do FCP, hora e meia.
0:10 - Faisal, não tapes o Hélder! Deixa-o brilhar. Que mania de dar nas vistas.
0:10 - e por falar em brilhar, o cabelo do Figo não fica nada a dever ao do Pedro Proença, ou mesmo ao Sol.
0:11 - Esta é a Boys Band mais descoordenada desde que o Michael J Fox fez um dueto com o Muhammad Ali.
0:12 - Oi? Será que o Dominguez também participou no vídeo? Porque será que está tudo a olhar para o chão?
0:12 - ...menos o Dimas, que agora está a espreitar na direcção da câmara. Pelos vistos não compreende o conceito de televisão, tal como não compreende o de estética, conclusão tirada pelo facto de provavelmente ter vestido um blazer da Fabio Lucci por cima do pijama.
0:13 - E agora o Oceano está a olhar para o Dimas, o Dimas está a olhar para o Figo, o Figo está a olhar para o Hélder, o Hélder está a olhar para o chão, o chão está a olhar para o Faisal e o Faisal está a olhar para o Figo...*suspiro*
0:13 - Este beat no background faz-me lembrar Kussondulola. "Quiribi, quiribi macaco! Macaco que é boá,que é boá! Filho do Homem negativo!"
0:14 - Concentra-te, Dimas! Eu vi esse sorrisinho dengoso para a assistente de realização. Bem boa que deve ser.
0:15 - não consigo deixar de pensar que isto seria mais divertido com o Paulo Madeira de permeio.
0:15 - Group hug!!
0:16 - há algo realmente incomodativo em ver 5 homens abraçados no meio de uma floresta.
0:17 - dispersar!!
0:18 - Dimas, eu disse "dispersar", e não "empurrar".
E o Neno? Continua atrofiado, porque foi posto de lado. E o que é que ele vai fazer?
Talvez ficar com o maxilar preso numa rede.
Yooooooooooooooo.
sábado, março 10, 2012
Boi Preto
A nostalgia tem destas coisas. Quem nunca sentiu saudades de um belo relato de futebol pela rádio, num domingo à tarde? E quem nunca se deleitou com os lindíssimos nomes dos jogadores de futebol que fervilhavam nos relvados e pelados portugueses lá nos idos de 80 e 90? Pois bem, nós estendemos a nossa admiração aos nomes de árbitros. E, inclusivamente, fazemos cromos de árbitros.
Naquela altura, antes das modernices das múltiplas cores do equipamento e dos aparelhos de comunicação com o “árbitro auxiliar” (parece que “fiscal-de-linha” ou “bandeirinha” se tornou insultuoso), o árbitro equipava invariavelmente de preto. A menos que houvesse em campo uma equipa tipo Académica, Tirsense, Caldas, etc. – aí, a cor da camisola era um branco sujo, acinzentado, incaracterístico. O preto é que lhes ficava a matar, com golas brancas protuberantes. Eram os saudosos tempos do “boi preto”. Das bancadas, um coro uníssono de vaias tratava todos por igual, qual manifestação democrática dos pós-25 de Abril. Não serás um “touro amarelo” nem um “búfalo vermelho”; não, amigo árbitro: eras um “boi preto”, de Norte a Sul do país, passando pelas ilhas; eras um “boi preto”, fosses pobre ou rico, corrupto ou não. Concomitantemente, escutavam-se silvos trazidos das arenas, assobios imitadores da tourada, como que reforçando a imagem do “boi preto” que acabou de apitar uma falta duvidosa contra a nossa equipa.
Os árbitros, contudo, procuravam diferenciar-se entre si, insatisfeitos por serem apenas mais um “boi preto” a pastar pelos campos de Portugal, várias vezes indefesos e deixados à mercê de impropérios e alvos de arremessos de objectos provenientes do peão. Não tinham muito por onde escolher, contudo. Eles eram marcadamente gordos, carecas, baixinhos e usavam bigode. Pareciam ser agentes da GNR com um hobby dominical. Apitavam, na sua globalidade, mal. A única forma de se distinguirem seria através de um nome invulgar.
Aí está, uma excelente forma de colmatar a ausência de individualidade que grassava na arbitragem portuguesa. Um nome esquisito. Se te chamasses João Aquilino Silva Mafamude, o teu nome enquanto árbitro seria, inquestionavelmente, Aquilino Mafamude. A tua associação regional também seria, preferencialmente, fora dos grandes centros, ou não estivesse em vigor a regra de que não podias apitar uma equipa da tua associação (embora pudesses apitar o jogo entre duas equipas da tua associação). Portalegre, Castelo Branco e Vila Real eram extremamente bem-vindas, por exemplo. Suspeitamos que havia mesmo quem desse nomes esquisitos aos filhos já antevendo a carreira de árbitro que se seguiria.
E eis o que todos esperam: sangue. Querem provas desta realidade que vos transmiti? Aqui vão elas, umas mais recentes, outras mais antigas; algumas mais célebres, outras caídas no esquecimento: Alder Dante (Santarém); Ezequiel Feijão (Setúbal); José Leirós (Porto); Sepa Santos (Lisboa); José Rufino (Faro); Fortunato Azevedo (Braga); Donato Ramos e Isidoro Rodrigues (Viseu); Veiga Trigo (Beja); João Simãozinho (Leiria); Luís Reforço (Setúbal); António Rola (Santarém); Juvenal Silvestre (Setúbal); Serafim Alvito (Portalegre?); José Silvano (Vila Real); Francisco Caroço (Setúbal?); Carlos Estriga (Santarém); Porém Luís (Leiria); José Guímaro (Coimbra) e o celebérrimo Carlos Calheiros (Viana do Castelo).
E, sem querer entrar em pormenor pelo submundo dos árbitros assistentes, houve também o João Crujo, o António Pardal, o Manuel Burrica, o José Chilrito, o Carlos Vigário, o Manuel Quadrado, The Artist Usually Known As The Ferrari Of Setúbal, etc..
E, sem querer entrar em pormenor pelo submundo dos árbitros assistentes, houve também o João Crujo, o António Pardal, o Manuel Burrica, o José Chilrito, o Carlos Vigário, o Manuel Quadrado, The Artist Usually Known As The Ferrari Of Setúbal, etc..
Depois ainda existiam os que se diferenciavam pelo aspecto, como Rosa Santos (Beja; o protótipo do árbitro clássico português), Mário Leal (Leiria; gordinho, quase quadrado, pouco veloz, fiava-se no golpe de vista), Miranda de Sousa (Porto; uma barba cerrada que provocava inveja ao mítico Fernando Chalana com 17 anos, semelhante à dos irmãos Calheiros) e Neves Fernandes (Braga; bigode acompanhado por uma risca de cabelo basculante que procurava ocultar a calvície galopante – imaginem Fernando Seara em 1995); e aqueles que, tendo um nome aparentemente normal, tornavam a sua arbitragem num inferno, como Martins dos Santos, do Porto, merecedor de um post só para si, tamanha a profusão de cartões que distribuiu. Mas, “make no mistake”: muitos dos árbitros acima citados também eram assustadores no plano técnico – apenas relegaram esses defeitos para segundo plano através do seu nome esdrúxulo ou da sua aparência peculiar.
Nos dias que correm, Carlos Xistra (Castelo Branco), Elmano Santos (Madeira), André Gralha (Santarém), Cosme Machado (Braga) e Olegário Benquerença (Leiria) prolongam a tradição. Mas a vulgaridade de Rui Silva (Vila Real), Rui Costa (Porto) e Hugo Miguel (Lisboa) augura um futuro pouco positivo aos ex-“bois pretos”. Enfim, ao menos subsiste a polémica em torno deles, da qual se alimentam os jornais e programas desportivos, bem como as cavaqueiras entre tertúlias de café à segunda-feira.
O que é feito destes sonantes nomes do passado? Quase nenhum deles assumiu a sua preferência clubística, mantendo-se fiéis ao Lusitano de Évora, Oriental e Aliados de Lordelo. Algumas excepções confirmadas: Vítor Pereira (um sportinguista caído em desgraça junto dos seus), Donato Ramos e António Rola (Benfica). Este Rola (que mereceu slogans emblemáticos por parte de alguns clubes – “abriu a caça à Rola”, exortava-se de Chaves) foi vereador em Rio Maior. José Leirós também abraçou a política em Matosinhos. José Silvano possuía uma vinha no Peso da Régua. José Guímaro e os seus “quinhentinhos” desapareceram lá para os lados de Condeixa-a-Nova. Veiga Trigo era o eterno sindicalista efervescente do Alentejo. Juvenal Silvestre foi observador de árbitros, uma profissão aliciante para muitos. Alder Dante é um comentador sobejamente conhecido. Muitos deles serão empresários, bancários, técnicos de seguros e algum deles deve trabalhar nalguma loja desportiva.
O grande espanto é a já mui afamada veia lírica de Isidoro Rodrigues: de árbitro a artista foi apenas um pequeno passo. Das sinfonias de apito passou às melodias de guitarra. Do amarelo injusto saltou para composições do calibre de “Memórias” (2003), gravado nos estúdios Produsom de Viseu, um álbum de 12 faixas merecedor de uma remistura, devidamente intitulada “Memórias Remix”. Em 2004, ressurgiu com “Laços de Amor”, para quem pensava que um ex-árbitro não sente. Em 2006, estava na calha o 3º álbum duma carreira discreta mas orgulhosa. Mas, provavelmente, Isidoro fez uma de Radiohead e distribuiu gratuitamente no seu MySpace os mp3’s, que eram avidamente pretendidos pela enorme legião de fãs que povoa a área entre Mortágua e Armamar. Contudo, Isidoro mantém o bigode e o nome artístico. Reconfortemo-nos, portanto.
domingo, março 04, 2012
Predador Sexual à Solta
Há casos e casos nos clássicos do futebol português, mas poucos terão sido tão escandalosos como o verificado no último SLB-FCP.
Referimo-nos, claro, à abordagem mais que explícita de Janko a Maxi Pereira, sob a anuência de Pedro Proença.
Este sim, um caso a sério. É um caso sério de voragem sexual, de apetites caninos por saciar, de voyeurismo puro. E sim, há ordenados em atraso. Mas não haverá também muito fetiche reprimido nos clubes de futebol? E agora, quem protege as vítimas de assédio sexual, se umas quantas cabeçadas não forem suficientes? Onde estás, sindicato?
Deixemos que as imagens vos ilustrem.
quinta-feira, março 01, 2012
Marito de Portugal
Marito tentou internacionalizar o seu estilo. A experiência não correu bem. |
O percurso de Marito confunde-se assim com o trajecto do Portugal à beira-mar plantado: ambição moderada, orgulho na sua rotina, periférico, pequenino e remediado. Para o quadro ser perfeito, só faltava haver uma casa de fados, pão e vinho sobre a mesa com o Marito sentado num banco, a coçar os ouvidos com a unha do dedo mindinho. O fado de Portugal foi o fado de Marito. Se perguntassem a Marito como ia a vida, ele seria capaz de responder “pois, cá vamos indo…”, com aquela congénita resignação de quem sabe que as coisas não estão mal sem estarem espectaculares e com aquela aversão de mostrar que se é bom demais, não vá gerar atritos e estragar o que para já… “vai indo” – um dia, quem sabe, fintaria toda a equipa contrária e marcaria um golo à Maradona, mas para já o mister só quer é ganhar um canto ou outro e atingir a manutenção ponto a ponto. E ele cumpria.
Andou por aí, a incutir velocidade por equipas de meio/fundo da tabela que nunca tiveram grandes soluções, fez mossa, deu alegrias, mas não conseguiu subir mais um patamar. E, quando subiu, voltou com saudades para onde tinha saído, satisfeito e aliviado por voltar a ser um peixe grande num lago pequeno – se é que “grande” e “Marito” podem ser conjugados na mesma frase. O que ele gostava mesmo era de dar cartas no seu minúsculo quintal, desenrascando como podia. Cresceu, enquanto jogador, na Académica. Teve oportunidade no FC Porto. Mas não aguentou a pressão e saiu para a Amadora – o seu único clube abaixo do Mondego e de perfil demasiado urbano para a sua ideologia beirã. Subiu de forma em Famalicão e Chaves, dois favoritos da turba cromística dos anos 90, onde desempenhou o papel de abre-latas de defesas compactas e trauliteiras em relvados enlameados, despertando uma certa cobiça por palcos mais cimeiros, quiçá uma Skydome Cup qualquer como prémio, que nunca se concretizou. Ainda teve tempo de correr em Viseu, Coimbra (novamente), Lamego e Gaia, até finalizar ali pertinho de casa, o lar doce lar tão humilde, em Mangualde.
O lóbi pró-Marito e o exagero da sua retórica. |
Havia muito por onde pegar em termos de extremos microscópicos, caso os conseguíssemos agarrar: Rebelo (seu irmão de sangue, com o qual diabolizou Famalicão com a sua velocidade anã), Fua (a gazua angolana), Martelinho (diminutivo até no nome), Dominguez (a versão sofisticada à Backstreet Boys do lusitanismo clássico de Marito), Bakero (que talvez fosse alto e fátuo demais para haver comparação) ou, para não irmos mais longe, mesmo Rui Barros, mas Rui Barros, embora revelasse a mesma capacidade de tornar um equipamento XS em XL assim que o vestia, nem sequer era bem um extremo. Todos eles podiam ser sete magníficos anões de uma Branca de Neve qualquer. Mas, de entre todos eles, só Marito encorpava genuinamente a alma portuguesa naquele palmo e meio de gente.
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